domingo, 4 de outubro de 2009

"Anything Can Happen Saturday"



Chamei-lhe assim: "Anything Can Happen Saturday" inspirada num episódio duma série que tenho acompanhado mas principalmente porque, de facto, nada do que aconteceu neste sábado estava planeado.



Começou por mais uma noite mal dormida, mas isso daria uma outra história. Depois de muitas combinações consegui acertar uma hora, ou achava eu que tinha conseguido, com umas coleguinhas Erasmus de Psicologia para uma amena tarde no parque a trocar ideias ao sol.

Mal ponho o pé a postos para descer o 1º lance de escadas caio por ali abaixo duma forma que poderia ter sido engraçada não tivesse sido um tanto ou quanto dolorosa.

Um infortúnio pensei eu na altura, um prenúncio afirmo-o agora.

Continuei, ligeiramente coxa mas convicta de que uma bela tarde me esperava. Lá estava eu, no local marcado e nada...Já meia hora tinha passado e nada... E claro, como ainda não tenho número Espanhol não me interessam muito os contactos das pessoas e pelo facebook tudo se arranja, vai daí, não tinha para quem ligar...Desisti e continuei o meu caminho.

Afinal estava um belo dia de sol e o parc mais calmo que o habitual por causa da Air Race. Deitei-me na relva a deixar que o Sol me consolasse da falta de companhia. A certa altura sento-me, para apreciar o ambiente e um rapaz passa com uma bicicleta pela mão e pede-me uma informação. Situação mais normal impossível. Como já estou naquela fase em que até posso dar algumas informações não hesito em praticar o meu espanholês e vai daí lá tentei ajudar...mas o sotaque dele era estranho e a certa altura tive a subtil impressão de que não estava a querer entender o que lhe dizia, então olhei para trás e qual não é o meu espanto, susto, choque, quando vejo outro tipo com a minha mochila, que por apenas alguns minutos tinha ficado fora do meu raio de visão, na mão.

Não me lembro do que senti ao certo, levantei-me num ápice com a pior cara que soube fazer e dirigi-me a ele, que por sorte ou acaso, hesitou e recuperei a minha mochila. Nesse momento o outro que me distraía balbúciou qualquer coisa e fugiram nas bicicletas, um para cada lado. Eu fiquei ali, de pé, sozinha no meio de toda a gente.

É provável que nem bom Português isto seja: "sozinha no meio de toda a gente"  mas é passível de ser experimentado, isso asseguro que é.

Só uns minutos depois, uns largos minutos depois, tomei consciência do que tinha acontecido. Tentei deitar-me mais um pouco para me acalmar mas já não conseguia estar ali. Fui dar uma volta. Parei na Igreja do parc onde já tinha estado e descoberto uma imagem de Sto. Inácio numa das naves laterais. Naquele cantinho chorei pela primeira vez em Barcelona. Aninhada entre um confessionário e a imagem duma cara tão familiar escondida da vista de quem por lá passava.
Acho que não passei lá muito tempo, o suficiente para me acalmar e voltar para casa.

Não tem um final radiante o meu dia, nada do tipo arrebatador. Mas no final, enquanto me olhava ao espelho a tentar perceber a dimensão da negra que tinha feito aquando da minha queda escada abaixo, percebi que tudo de mal poderia ter acontecido, podia ter-me magoado bem mais, podia ter ficado sem documentos, passe de metro, tlm, etc... mas principalmente podia não ter quem me consolasse depois disto tudo e no final de contas tenho, tenho sempre quem me console.



p.s. Para os mais preocupados: eu estou mesmo bem e o ênfase deste post vai mesmo para o final do dia, e aqueles dois, aqueles dois perceberam que comigo mais vale trazer bicicleta porque a pé não me escapavam:)

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